Tô cansado, mas só por hoje, amanhã eu tô bom...mas hoje o cansaço me pegou. Comprei uma cerveja e minha felicidade se limita a 355 ml, gelada ela desce, feliz estou, agora não mais, acabou.
A praia me espera, a areia me anseia, o fim de tarde junto com aquela maresia e o meio sol parece me chamar no horizonte, e por mais que eu reme, meu barco parece furado.
Músicas calmas vem aos meus ouvidos e parece que tudo desaparece e a vida é um gramado com cercas brancas e balanço, com fruto no pé só esperando ser pego.
Será que ser anti-social é mesmo feio diante de onde e com quem sobrevivemos? Eu respondo com um não. Sozinho eu posso parar pra refletir, repensar, se é melhor desistir ou será que vai compensar.
O mar me chama novamente e ninguém respeita o meu querer ficar só. O sol se põe e eu não consigo ver de novo por causa da parede na minha frente. O cheiro do mato quer chegar até mim mas a gasolina queimando é mais forte.
Minha prancha não é o objeto, minha prancha é o próprio mar, onde me sinto tão pequeno quanto um grão de areia em que sento.
Comprei outra cerveja pra ver se lembrava do mar, na verdade foi pra esquecer de que não consigo mais vê-lo. 355 ml de um novo sonho tomado gelado e nada...
Tomara que o mar não seque tão cedo e que esse pobre coitado o possa ver pela última vez antes de partir.