domingo, 10 de novembro de 2013

Pestiônica

Desespero bate à porta 
como se não houvesse ninguém para ouvi-la
ouco-te de forma passiva
sinto cortar-me o peito
como se quisesse a morte
sinto que posso causar-te a morte 
com um simples golpe de caneta sobre o papel delineado
marcando o eixo já pintado
mudando aquilo que é de ruim
não mais por uma resposta
feliz porém por um cargo
fazendo logo que desabe
tudo aquilo que há de rir
lembranças de um ano bem vivido
de fazer-te conhecido
amadurecendo de um lado e do outro
aquele que pego por ti já foi mais de uma vez.
 

domingo, 30 de junho de 2013

Barca

   E eu que me julguei forte, eu que me senti, eu que me fiz, que tentei, que fraquejei...agora tudo é cansado, não necessário, silencioso, simples e pacato.
   Tudo flui tão sem esforço que a luz é ambiente, nada mais me ofusca como os tempos de outrora. A vida é realmente muito dinâmica e mutante. Se envelhece sem perceber, quando se é vivente, personagem num fluxo constante e rápido de ações por muito não concluídas.
   Provo-me a cada instante que é impossível sobreviver do que se ama...amor é pouco quando se quer tudo. Nada do que tenho que fazer me agrada mais do que o papel, nada mais me supre, sendo esse o meu ideal decaído.
   Talvez por ser tão efêmera a vida me prove mais uma vez que tudo isso é tolice, mas que ela não me vença simplesmente pelo cansaço do não alcance. Tudo isso só porque agora consigo analisar detalhes, um dos únicos e difíceis/raros momentos de lucidez temporária que a vida senoidicamente me dá.
   É tudo muito sereno, a vida tá gostosa de ser vivida, com um marco, agora eu tenho um porto e pode ser que a maré não vire, e nem me assusto mais com isso,finalmente achei meu lugar, nem penso em baque por fim e por bem.

sábado, 4 de maio de 2013

S o A

   E a inspiração pra escrever cadê? É tudo nublado na minha cabeça. Parece que ela tá realmente só acima dos meus ombros. Nada parece escuro mas a claridade me ofusca. Eu vou sendo levado pela correnteza, não preciso mais nadar contra. Minha única preocupação é pra onde ela tá levando. Minhas palavras se tornaram serenas, pacatas, escassas. E toda aquela guerra e inquietude se perderam.
   Tudo que é novo assusta e eu tenho me assustado facilmente pois não conheço mais o que se encontra embaixo dos meus pés. Parece até que eles não se encontram mais no chão. Parece tudo sonhado demais pra quem só se alimentava de dor e não dor. O que é isso que eu to sentindo? Me parece algo que chamam de felicidade, se é instantânea, duradoura,falsa ou verdadeira, quem sabe tardia já não sei, não sou muito vivido na área da calma.
   Mas me parece por enquanto que a trilha estreita em meio a selva se tornou uma rodovia de 3 vias ou mais, fudendo a culatra do mundo inteiro.
   Aos poucos eu vou me acostumando a me sentir completo, e tomara que seja aos poucos mesmo, porque vai ser ainda mais difícil com esse costume.

domingo, 10 de março de 2013

Duas cores

  Tá tudo calmo, sereno. O sol tá chegando na minha janela como sempre chegou, faz calor como sempre fez. As músicas são calmas, as conversas nem tanto e por enquanto nem tudo tem erro.
  O passeio pelos cantos é demorado assim como pelos meus pensamentos, que vão e voltam, rodopiam em minha mente e desaparecem como poeira ao vento...mas tudo bem, é melhor assim, mais tranquilo.
  Tenho andado distraído por trilhas antes desconhecidas, porém por mais que eu rode acabo sempre no mesmo lugar, nas mesmas letras, no mesmo calor e sol. O pensamento é um imã...
  Ontem eu vim na janela do ônibus, deixando o sol e o mar para trás, mas nunca a simplicidade das coisas pequenas. Vim na janela levando vento na cara, tirando cochilo, olhando pro mato, absorvido pelos meus mais profundos pensamentos.
  Bom foi quando eu não pensei em nada dentro do mar, absolutamente nada, apenas a notória sensação de um vazio extremo em minha mente, me fez bem e eu quero de novo, eu quero sempre.
  Eu não quero ser chamado de vagabundo, embora minha alma seja, não quero ser quem não quer nada, quando o que eu mais quero é não querer nada. Não quero ser acordado de um sonho que eu nunca vivi, embora faça dele o meu ideal decaído.
  Por enquanto o que me resta é rumar, não vagar, e ter destino e futuro, não vagabundar...infelizmente. Não quero mais me desmentir, quero me perpetuar.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Fallen

   Eu sei que isso vai mudar...o quanto eu te falei que ia? Tudo parece ser pequeno perante ao que eu sinto e não esqueço pelo menos no agora. Essa merda dessa água suja toma conta de mim e vai infectando todos os meus órgãos, corroendo até os meu ossos e doendo na minha alma. Eu sabia que ia ser assim desde o começo mas tomei o mesmo caminho parecendo que é legal colecionar derrota. A culpa de tudo é minha e de ninguém mais...como sempre é minha e isso me dói mais do que ter que aguentar a própria situação. Eu não gosto quando eu to esperando no chão e nem escrevo bem quanto eu tô nele. Mesmo sabendo a porra da resposta que me espera eu ainda continuo queimando dia após dia. A raiva de mim mesmo me consome a cada passo que eu dou, em cada frase que eu balbucio e a cada coisa que eu penso. A raiva de mim é o que mais me incomoda, é o que mais me fere porque não há como fugir da minha mente nem por 5 minutos.
Vai passar mas tá demorando mais do que eu achava que ia, mais do que deveria demorar e o fardo se torna mais pesado do que eu posso carregar. Todos os jogos que eu brinquei com meu próprio coração me vem agora na cabeça...de novo eu sinto a vontade de me socar. E tome senóide pra cá e pra lá...1 e -1 direto na vida. As cristas tem rejeição por mim só pode. Foda-se!

domingo, 20 de janeiro de 2013

Mãe

" Afasto-me de tudo aquilo que eu quero
  Abdico de quase tudo um pouco
  Nego até o resto de pó que chamam de gente
  Felicito-me por ver apenas o que é teu
  Realizo-me em tuas conquistas
  como se realmente não houvesse mais eu
  Destrata-me por muitas vezes sem razão
  Destruo-me por dentro por não mostrares retorno
  Mas calo-me e abdico do meu direito de fala
  Porque na verdade todos os direitos são teus
  Porque nada aqui é meu
  Porque não há nada no mundo
  que faça-me tão bem quanto isso
  Realizar-me em ti como tinha feito outrora
  A minha fome não fala mais alto que a tua
  A minha sede é desnecessária perante o teu desespero
  O meu pão nunca foi meu
  Dar-te-ei como forma de prova do que faço
  a maior parte daquele que pulsa
  Negarás como forma de que não mereces
  E eu me nego novamente pela tua negação
  Vai, mas volta, filho."